quarta-feira, 17 de abril de 2013

Quinto dia - 10 de Abril de 2013




Caminhoneiros à beira da estrada incendiada pelos sóis de dias inteiros, espalitam os dentes e lutam contra as moscas enquanto esperam. À espera de um milagre estão as moças casamenteiras que prometem mundos e fundos a Santo Antônio, e brigam com o santo quando supõem desinteresse de sua parte. Nós, por nosso turno, esperávamos apenas o pneu da Savana, matando o tempo como podíamos. Escrevendo no blog, dormindo, combatendo barulhos suspeitos no carro, vimos todos a quarta-feira encerrar-se lenta e sem maiores agitações.


Coisa bem diferente foi o dia seguinte. Colocamos o pé na estrada novamente, com as energias recuperadas e os carros 100% prontos para continuar cumprimentando as profundezas deste país. Dar a elas o nosso mais cordial Alô. E assim nos encaminhamos na direção de São José do Xingu, deixando o Mato Grosso cada vez mais distante no retrovisor e atentos às placas que nos levariam a Rondônia. Ainda nos custariam alguns dias chegar lá, com as estradas um pouco piores, mas sem a lama esperada. A paisagem, como de hábito, afigurou-se impecável. Fosse preciso interromper o percurso para fixar as belas vistas, e é bem provável que ainda estivéssemos nas redondezas do Tocantins.



Almoçamos numa cidade que ainda não existe. Espigão do Leste é ainda um distrito de Água Boa, lugarejo um pouco maior e mais bem equipado, mas segundo nos contou Rubinho, dono do restaurante, breve deverá conquistar sua emancipação.



A tarde já ia-se pela metade quando pusemos de novo os carros nas trilhas. Aqui e ali um pouco de lama, a constante ameaça de chuva que se cumpriu apenas umas poucas vezes e o céu desabando o seu azul escuro sobre nossas cabeças.



São muitos os Xingus e seus santos, de modo que deve ser perdoável que já no final do percurso tenhamos nos enganado e partido decididamente na direção de um São Félix, quando queríamos um São José. O erro nos custou uns 20km, mas nos deixou a possibilidade de um belo encontro: cruzamos com uma família embarcada num Fiesta convalescente, cansado de guerra, e derrotado pela falta de bateria à beira da estrada. Foram, inclusive, eles que nos alertaram sobre o caminho adequado enquanto ajudávamos a ressuscitar o veículo.


No caminho certo, chegamos a São José do Xingu ao cair da noite e nos hospedamos no hotel Elite, após um jantar simples e regozijante, com peixe frito e mandioca. No dia seguinte, logo após o café, nos esperava a estrada para um dos dias mais agitados da viagem.

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